Iniciativa serve para que a classe política, os empresários, historiadores e segmentos ligados a cultura iniciassem uma mobilização para a reconstrução do Palacete de Dom João VI
Eduardo Garnier – ASCOM CMN
A
abertura da exposição “Visão Prospectiva do Museu Histórico da Villa
Real da Praia Grande e da Imperial Cidade de Niterói”, inaugurada pelo
presidente da Câmara, vereador Paulo Bagueira (PPS), no Salão Nobre do
Legislativo, no dia 13 de maio, serviu para que a classe política, os
empresários, historiadores e segmentos ligados a cultura iniciassem uma
mobilização para a reconstrução do Palacete de Dom João VI. O prédio
histórico, que ficava localizado no Largo de São Domingos e que por
tantas vezes acolheu a Família Imperial, foi demolido após a Proclamação
da República, como que “para apagar a memória do Brasil Império”.
A
exposição, organizada pelo Círculo Monárquico Dom Pedro II de Niterói
em parceria com a Câmara, reúne imagens do Brasil-Colônia, suas igrejas e
cidades históricas, moedas antigas, maquetes de caravelas, mapas,
brasões, a evolução do transporte ferroviário e documentos históricos
que ficam em exibição até 28 de junho, de 10 às 17 horas, no Salão
Nobre, no terceiro andar da Casa. Mas, entre tantas preciosidades, a
grande vedete mesmo é a maquete do Palacete, produzida em pesquisa
iconográfica feita pelos alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal Fluminense.
“Estamos partindo para a 22ª
geração de portugueses no Brasil. Começamos nossa segunda etapa para o
resgate da memória do Brasil-Império, a primeira foi a sanção da lei.
Com a reconstrução do Palacete de Dom João ali será a sede do Museu
Histórico da Vila Real da Praia Grande em Niterói. Fui a Portugal para
obter o mapa original da Vila e a escritura de doação estava sumida. Só
encontramos na seção de manuscritos da Biblioteca Nacional, é um
documento que sequer foi transcrito”, conta o presidente do Círculo
Monárquico, professor Francisco Tomasco de Albuquerque.
LEI DE 2012 MANDA RECONSTRUIR
A
Lei 6.215, de abril de 2012, de autoria do deputado estadual Comte
Bittencourt (PPS), sancionada e publicada pelo governador Sérgio Cabral,
determina a reconstrução do Palacete de Dom João VI em local próximo ao
que foi demolido. “Pela lei que aprovamos, o Museu da Vila Real vai
abrigar objetos, fotografias, filmes, documentos e outros elementos da
Vila Real. Também está previsto em lei que, até a construção definitiva,
o material ficará em instalações provisórias de um próprio estadual. O
espaço também vai abrigar o Instituto Histórico e Geográfico de Niterói,
parceiro nessa empreitada”, revela Comte Bittencourt, um dos presentes
ao evento.
Para o presidente da Câmara a iniciativa tem todo
apoio do Legislativo. “Vamos levar a ideia ao conjunto dos vereadores,
acionar nosso diretor Cultural, Sohail Saud, e o chefe do Arquivo de
Documentação, Rubens Carrilho, para que a coisa comece a fluir. Aqui
mesmo onde funcionava o antigo restaurante da Casa, pensamos em
organizar um museu histórico da Câmara, que pode até funcionar
conjuntamente com o Museu da Vila Real. As nossas autoridades executivas
ligadas à Cultura também estão sendo chamadas a contribuir”, diz
Bagueira.
Além dos já citados também estiveram presentes o
ministro do Superior Tribunal de Justiça, Waldemar Zveiter; o
superintendente de Artes de São Gonçalo, De Luna Freire; o historiador
Salvador Mata e Silva; o presidente do Grupo Mônaco de Cultura;
diretores de escolas; jornalistas; e demais convidados. Diversas
personalidades receberam a Medalha do Círculo Monárquico e Certificados
de Colaborador Emérito.
DOM JOÃO E O PALACETE
Em dezembro
de 1815, três dias após elevar o Brasil à categoria de Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves, o então príncipe-regente Dom João VI, tendo
ao seu lado toda a Família Real, desembarcava, pela primeira vez, em
terras niteroienses e após as manobras militares todos seguem para a
residência do Capitão Thomaz Soares de Andrade, no Largo de São
Domingos. A casa foi oferecida para descanso de Dom João e sua família,
que ali ficaram por dois dias, só retornando à Corte, no Rio de Janeiro,
em 22 de dezembro. Depois da primeira visita, Dom João só retornaria à
Praia Grande em março de 1816, após a morte da rainha Maria I. Em maio
do mesmo ano Dom João volta para comemorar seu aniversário, em 13 de
maio. “A última vez em que Dom João visitou a cidade foi acontecer três
anos mais tarde. Recebido com grande festa, pernoita em seu palacete,
depois de passar pela Igreja de São Domingos. No dia seguinte a comitiva
cruza a Estrada de Inoã e passa o dia em Maricá antes de retornar ao
Rio”, revela o professor Tomasco.
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